Rachel Sherazade e o carnaval.



Acabo de ver o vídeo acima no youtube. Não faço a menor idéia de quem seja a moça, mas googando rapidamente, as referências são de que a Rachel Sherazade é uma jornalista de João Pessoa, na Paraíba e que isso foi transmitido ontem. Tanto faz, afinal, está bombando no youtube.
O fato é que me identifiquei muito com o que ouvi, principalmente no que diz respeito ao sufocamento da boa música pelos exaustivos e repetitivos hits vindos principalmente de Salvador. Não há como escapar deles. Todos os meus vizinhos de fronteira já deram festas intermináveis com os carros-trios-elétricos com seus porta-malas abertos. Simplesmente não dá nem pra assistir um telejornal sem passar pelo menos metade do tempo de cada um vendo baterias de escolas de samba do Rio. Se for um jornal aqui da Bahia eu necessariamente preciso ver esses brutamontes clones uns dos outros que comandam bandas de rebolation. Aqui na Bahia isso é uma constante, mas no verão é insuportável. Nem dentro da minha casa, com as janelas e portas fechadas estou livre disso. O volume e a potência dos aparelhos de som automotivos atualmente são aterrorizantes. Bom senso é algo que já morreu há mais de uma década, quando o maldito Gera Samba, atual É o Tchan terminou de destruir a música soteropolitana. Nós aqui do interior, como bons copiadores, ajudamos a proliferar essa porno-music. Esta é a evolução: samba-reggae, fricote, Axé Music, Pagode da Bahia, Porno-Soteromusic.
No carnaval me sinto engaiolado. Simplesmente não dá pra sair de casa sem me irritar. As pessoas ouvem lixos e querem mostrar ao mundo que ouvem lixos, e forçam você a ouvir lixos. E se você não sai de casa, eles tratam de fazer você ouvir lixos do mesmo jeito, a não ser que sua casa tenha isolamento acústico. Não dá para assistir TV nesta época porque num canal somos forçados a ver milhares de escolas de samba idênticas entre si, mas formadas por fanáticos que pagam caro para receber ordens num desfile sem sentido onde o público sente prazer em não poder sair do lugar, numa arquibancada. Mude o canal, vemos o extremo oposto em Salvador, onde as pessoas recebem liberdade até demais, chegando ao ponto de se comportarem como selvagens, daí a necessidade de tanto policiamento, como citou a jornalista.
Sobre o tamanho investimento, o que dizer? E o mesmo se aplica à Copa do Mundo, que sugará tanto o nosso dinheiro que mesmo os larápios de Brasília precisarão se conter em suas atividades ilícitas. Teremos um ano sem concursos públicos para podermos mostrar ao mundo que somos realmente o país do futebol. Quanto orgulho...
Isto é o carnaval. Um misto de inúmeros excessos, que nos aproxima muito da tão temida categoria de selvagens, ou não-civilizados. Matam-se inúmeros animais, derrubam-se inúmeras árvores, morrem centenas de pessoas e as cidades ficam imundas. Soube que num dos estados acima da Bahia estavam matando cachorros de rua para não incomodarem os turistas. E essas mesmas pessoas chamam Hitler de lunático. Há assalariados que passarão o resto do ano endividados porque compraram uma fantasia ou um abadá. Nada muito esperto, mas cada um faz o que quiser da própria vida. Isto é só a minha opinião. Dizem que existe uma tal de liberdade de expressão neste país que trocou a censura pelo politicamente correto. A diferença é que uma podia te matar e a outra pode arrancar todo o seu dinheiro e dignidade. Pra encerrar, este vídeo não disse tudo o que eu queria dizer, claro, mas concordo da primeira à última palavra. Fiquei realmente muito feliz por ver alguém publicando a opinião da massacrada minoria brasileira. Abaixo a transcrição da fala da moça:

Hoje é quarta-feira de fogo, mas eu não vejo a hora de chegar a quarta-feira de cinzas.Não, não é que eu seja inimiga do carnaval. Inclusive já brinquei muito: em clubes, nas prévias, nos blocos.... fui até à Olinda em plena terça-feira de carnaval... Portanto, vou falar com conhecimento de causa. E, como um véu que se descortina, como uma máscara que cai, gostaria de revelar algumas verdades que encontrei por trás da fantasia do carnaval. A primeira delas: o brasileiro adora carnaval. Não acredito. Na paraíba, por exemplo, o maior bloco de arrasto disse ter registrado cerca de 400 mil foliões no desfile do ano passado. Mas, a população paraibana conta com mais de 3 milhões e 600 mil cidadãos. Portanto, a maioria da povo não foi para a rua ou por que não gosta de carnaval ou por que não se reconhece mais nessa festa dita popular.
Segunda falsa verdade: o carnaval é uma festa genuinamente brasileira. Não, não é. O carnaval, tal como o conhecemos, surgiu na Europa, durante a era vitoriana, e se espalhou pelo mundo afora, adaptando-se a outras culturas.
Quarta falsa verdade: É uma festa popular. Balela! O carnaval virou negócio – dos ricos. Que o digam os camarotes VIP, as festas privadas e os abadás caríssimos, chamados "passaportes da alegria".
E quem não tem dinheiro para comprar aquele roupinha colorida não tem, também, o direito de ser feliz??? Tem não. E aqui, na Paraíba, onde se comemoram as prévias não é muito diferente. A maioria dos blocos vive às custas do poder público e nenhuma atração sobe em um trio elétrico para divertir o povo só por ser, o carnaval, uma festa democrática. Milhões de reais são pagos a artistas da terra e fora dela para garantir o circo a uma população miserável que não tem sequer o pão na mesa.
Muitas coisas, hoje, me revoltam no carnaval.
Uma delas é ouvir a boa música ser calada à força por "hits" do momento como o "Melô da Mulher Maravilha", e similares que eu nem ouso citar.Fico indignada quando vejo a quantidade de ambulâncias disponibilizadas num desfile de carnaval para atender aos bêbados de plantão e valentões que se metem em brigas e quebra quebra.
Onde estão essas mesmas ambulâncias quando uma mãe de família precisa socorrer um filho doente? Quando um trabalhador está infartando? Quando um idoso no interior precisa se deslocar de cidade para se submeter a um exame? Me revolto em ver que os policiais estão em peso nas festas para garantir a ordem durante o carnaval, e, no dia a dia, falta segurança para o cidadão de bem exercitar o direito de ir e vir.
Mas o carnaval é uma festa maravilhosa! Dizem até que faz girar a economia. Que os pequenos comerciantes conseguem vender suas latinhas, seu churrasquinho....Se esses pais de família dependessem do carnaval para vender e viver, passariam o resto do ano à míngua. Carnaval só dá lucro para donos de cervejaria, para proprietários de trios elétricos e uns poucos artistas baianos. No mais, é só prejuízo.
Alguém já parou para calcular o quanto o estado gasta para socorrer vítimas de acidentes causados por foliões embriagados? Quantos milhões são pagos em indenizações por morte ou invalidez decorrentes desses acidentes? Quanto o poder público desembolsa com os procedimentos de curetagem que muitas jovens se submetem depois de um carnaval sem proteção que gerou uma gravidez indesejada? Isso sem falar na quantidade de DST’s que são transmitidas durante a festa em que tudo é permitido!
Eu até acho que o carnaval já foi bom... Mas, isso foi nos tempos de outrora.

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2 Comentários

  1. Maravilhosa!!!

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  2. O carnaval era a expressao folclorica brasileira, inclusive ingenuo e puro, mas só foi a TV Sexo, tb conhecida por TV gLobo em pele de cordeiro entrar na parada, enchendo o video com bumbuns pelados, mulheres inteiras peladas e muita pornografia, q o carnaval se tornou a expressao pornografica brasileira, com as consequencias para a imagem do pais la fora e a degradacao de valores e atitudes aqui dentro, q obviamente chegam aos governos tb. E a Rachel tá de parabens, pois eu ja dizia a muitos antes dela q nada fica pra cidade, nenhum posto de saude nem escola, apenas alguns particulares levam todos os milhões publicos.

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